domingo, 20 de setembro de 2009

A alma na palma.

As mãos balançavam, as duas.
Uma carregando uma sacola que balançava, porque a mão queria, involuntariamente.
A outra não. A outra balançava boba. Solitária. Vazia.
A mão boba que não alcançava o doce,
o anestésico,
nem sequer uma outra mão que lhe ajudasse a atravessar a rua.
Jesus também precisou de uma mão para ajudar a carregar a cruz.
E a mão lá, rente ao corpo carente. Só.
A mão não entende o silêncio.
Mas por que anda sentindo tanto a mão?
Será que todo o cérebro habita dentro de uma palma?
Eu não sei.
Mas agora a alma insiste em caber dentro dela, a palma.
A alma na palma de belezas e medos
pra quê os dedos?
Os dedos sem somar vinte não valem dez.
A vida sem alguém pra encostar um mínimo mindinho não forma um moinho.
E eu?
"Eu acredito em paixão e moinhos lindos."

Caberá?