sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Apenas um dia...


Robert Doisneau

Dezembro, final do ano.
Algo em mim vem cobrando-me dia e noite sobre que texto trarei para sistematizar, registrar e formalizar esse tão estampado, (em todo tipo de vitrine), final de 2008.
Por que será que sentimos a necessidade de refletir sobre um ano todo, se cada dia é tão sublime e complexo por si só? Cada dia é novo, e único. Mas a cultura de nossa sociedade nos embute uma data gregoriana exclusiva para esse tipo de "parada" anual.
Que tal esquecer listas cretinas e falsas para um ano todo e nos dedicarmos a apenas um dia de cada vez?
Nada termina, nada recomeça, tudo continua seguindo seu ciclo de vida.
A diferença está na vista de novas janelas, que possibilitem não somente admirar o horizonte, mas incorporar-se naquilo tudo que se acredita. A diferença fundamental está na abertura de portas inexploradas, e na caminhada que se fará rumo ao desconhecido, dessa longa e sinuosa estrada, todos os dias.
São frases diárias, daquelas bem corriqueiras como um simples "Bom dia", que terão de fazer toda a diferença na nossa vida, e não "Feliz ano novo", usado apenas uma vez no ano.
No decorrer das horas, acreditar que "aquele sorriso" do vendedor de drops no terminal de ônibus, fez realmente parte de um dia feliz.
Querer mais que a mensagem de Drummond na Rede Globo, apenas no final do ano. Se permitir merecer poesias, músicas e textos todos os dias, mesmo naqueles dias mais conturbados traduzidos por Clarice, Virgínia, Adélia, e tantos outros queridos e queridas amantes das palavras e canções.
Viver realmente o dia completo e de forma singular, composto por horas, pela pirraça dos segundos, com o peso que suportamos carregar, e não com o fardo e responsabilidade de um ano todo.
De repente, carregar um dia de cada vez seja mais leve, e então sobre tempo para algo mais importante como amar e ser feliz.